Fetiche, Tendência, Vaidade: Três motivos para aderir à moda corselet
TEXTO ANA CAROLINA FIILHO
Responda rápido: qual a diferença entre corselet, corpete e espartilho?
Se você não sabe a resposta, não está sozinha. Apesar de essa peça histórica do guarda-roupa feminino estar em alta no Brasil, pouco se sabe dela. O motivo é simples: o hábito de amarrar bem a cintura faz parte da cultura do velho mundo. Comparada à de uma dezena de gerações, nossa tradição nesse campo é mesmo uma grande novidade.
“Apesar de a história do corset ser milenar, minha pesquisa começa no século XVI, quando a coisa é estabelecida. Mas em épocas antigas também aparecia na forma de um cinturão”, explica Marita de Dirceu, que trabalhou nos anos 80 com estilistas como Markito e Conrado Segreto, famosos na época. Elas nos ajuda a entender as diferenças: o corset modifica o formato do corpo, com suas estruturas de aço ou metal. Já o corselet é flexível, ou seja, mais confortável, e apenas marca a cintura. Espartilho é corset em português, mas a designer paulistana Madame Sher, por exemplo, evita essa palavra por ela ser comumente associada a lingerie. E o corpete é sinônimo de corselet. Captou?
Sher (nome adotado por Leandra Rios) tem feito sucesso em São Paulo com suas peças. Entre suas clientes famosas estão a cantora Pitty e a escritora e apresentadora Fernanda Young – esta, adepta do método tight lacing, que consiste em apertar (tight) progressivamente os laços (lacing), com o intuito de conseguir uma siluetamais fina. Ironicamente, abolir os espartilhos do vestuário foi uma das grandes conquistas das mulheres no início do século, em direção a uma maior liberdade (de movimentos, inclusive). Será que estamos retrocedendo? Para Sher, não é nada disso: ela acredita que hoje essas peças são “símbolo de sensualidade”.
SEM SOFRIMENTO
Polêmicas à parte, Marita se dedica a desconstruir o conceito da peça para criar corselets leves, sem contraindicações.
“Tenho clientes de 14 a 70 anos. Moramos num país tropical, então preciso fazer uma roupa que deixe a mulher bonita, mas que não a faça sofrer”, opina.
“Atualmente, quem usa o corset e a técnica do tight lacing é pelo fetiche da peça, que tem essa conotação. A literatura erótica surgiu durante o reinado da rainha Vitória, que era gordinha e fazia qualquer sacrifício para ficar magra.”
Ou seja, ninguém precisa voltar à era vitoriana. A não ser que você seja uma artista como Dita Von Teese, a atriz americana que abusa dessas peças em suas apresentações burlescas, basta usar o bom senso: “O mais comum é usar com uma saia, montando um look bem feminino. O importante é a roupa ter a sua cara”, ensina Sher, que aprova até mesmo a combinação com calça jeans.
Fonte: Revista C&A Abril 2010.