Libido incansável. Seis desafios arriscados. Nossa destemida repórter decide conferir quais merecem espaço em sua agenda sexual. (Joana Mesquita)
"Cubra o abajur com um lenço transparente para criar uma atmosfera sensual.” “Ponha um DVD erótico (que tal 9 ½ Semanas de Amor?) para inspirar o momento.” Puro blablablá.
Resolvi ignorar essas e outras dicas lugar-comum a fim de apimentar a minha vida sexual. Afinal, já tive experiências bem mais ousadas do que aquelas na cozinha da Kim Basinger, como transar em público ou encarar dois irmãos na mesma noite — e não se tratava de dois garotos. Mas, se essas ideias são tão bobas e pouco convincentes como parecem, por que diabos os especialistas ainda as recomendam? Será que truques assim, tão simples, têm o poder de levar os casais à felicidade na cama mais facilmente do que uma roupinha de enfermeira ou um brinquedinho erótico? Women’s Health quis descobrir e me incumbiu de uma missão sexual para testar seis experiências curiosas, porém bastante praticadas, e contar quais valem a pena provar — e quais você deveria dispensar mais rápido do que um vibrador com pilha fraca.
Cenário 1
Sexcapade Rotina, no trabalho e no casamento, é de matar.
Por isso, vira e mexe, dou minhas escapadas e crio atividades para chacoalhar a organização na minha agenda. Sem culpa. Minha última fuga foi a dois, quando troquei a hora do almoço por duas horas no motel com meu marido. A manhã inteira foi de expectativa; a concentração no trabalho não resistindo à vontade de correr para namorar escondido de alguma maneira — eis o tempero da aventura. No horário e local combinados, ele já me esperava. Entramos no quarto e fomos direto ao assunto. Depois do “Oi, meu amor”, nos livramos de nossas roupas e aproveitamos cada minuto que tínhamos reservado para nós. Nada de peripécias nem malabarismos na cama, mas com uma intensidade, carinho e cumplicidade que ficam algumas vezes em segundo plano no dia-a-dia. O simples fato de que o mundo acontecia lá fora e estávamos alheios a tudo (sim, é fundamental esquecer que há tarefas esperando você) era excitante o suficiente para nossa escapada ser sensacional. Foi a hora do almoço mais bem servida dos últimos tempos.
Fogo ou fria?
Difícil retomar ao batente após a sessão vespertina, é verdade, mas depois de pegar no tranco o dia rendeu uma maravilha, sem mau humor e sem contar os minutos para ir embora. Quando chegamos em casa, lembramos da nossa aventura e prometemos repeti-la em breve — o que esquentou nosso fim de noite.
Avaliação: fogo fogo fogo fogo
Cenário 2
Uma noite de gueixa
Tanto eu quanto meu amor somos ligados em estímulos sensoriais, sobretudo ao toque. Então, nada melhor do que terminar um dia exaustivo — e começar uma noite inesquecível — com uma massagem. Não escolhemos qualquer técnica, mas uma em que, fora as mãos, vale usar todas as outras partes do corpo para acariciar, relaxar e provocar o parceiro. Tomei a precaução de consultar a aromaterapia para perfumar o quarto com uma essência afrodisíaca: ilangue-ilangue. Luz de velas, lingerie confortável e fácil de tirar, música sedutora (experimente Portishead ou Eagle-Eye Cherry) e óleo de massagem também não podiam faltar. Primeiro ele. Comigo de bruços, ele utilizou braços, pés, peitoral e o que mais ele podia imaginar — eu, até então, não havia pensado naquilo — para estimular meus pontos mais sensíveis, do dedão do pé à nuca. A respiração dele meio ofegante no meu ouvido e sua boca encostando de levinho na minha pele me exigiram autocontrole para prosseguir na “terapia”, uma viagem relaxante e excitante ao mesmo tempo. Minha vez. Como uma cobra (e usando também tudo o que pratiquei nas aulas de alongamento), deslizei meus pés, pernas, barriga, costas, seios e et cetera por todas as curvas do corpo do meu amado, sem pressa. Ele, porém, ansioso, não resistia a dar sua opinião na maneira como eu conduzia a massagem (“Aperta mais aí”, “Esse ponto me enlouquece”). Para o clima não esfriar, a massagista saiu de cena — e a transa rolou incrível, quentíssima e demoraaada.
Fogo ou fria?
Se uma massagem já é um aperitivo delicioso para uma noite de sexo, imagine quando o(s) corpo(s) inteiro(s) entra(m) no jogo? O melhor é que a experiência é igualmente excitante para as duas partes — quem faz e quem recebe.
Avaliação: fogo fogo fogo fogo fogo
Cenário 3
De olhos bem vendados
A última vez que eu fechei os olhos demoradamente durante o sexo, acabei ateando fogo ao travesseiro e acabei descobrindo que a moringa de água ao lado da cama não funciona como um extintor de incêndio eficiente. Então fiquei animada com a ideia de eu e meu marido usarmos, os dois, uma venda nos olhos durante a transa. Comprei uma de cetim cor-de-rosa para mim e uma preta, bem masculina, para meu vingador mascarado. Começamos na sala. Chegar até o quarto foi um desafio e tanto. Eu tateava o ar a fim de encontrar o caminho sem esbarrar em nada, até que ele me pegou pela mão e me serviu de guia. Nos lançamos à cama, atrapalhados para tirar nossas roupas. Avancei por seu corpo abaixo achando que encontraria o paraíso, mas só alcancei o que descobri ser a coxa dele. Depois, achando que havia encontrado sua boca, acabei beijando seu umbigo… Só quando nos beijamos na boca é que me senti familiarizada com a situação. Então ele sussurrou: “Queria poder enxergar você”. Existe melhor jeito de levar uma mulher à loucura?
Fogo ou fria?
A sensação de novidade passou logo, transformando-se em ansiedade por retomar uma conexão visual. Mas, quando tiramos as vendas, o sexo foi divertido, rápido e intenso.
Avaliação: fogo fogo fogo
Cenário 4
Encarne a dominatrix
Na busca por farra extra na cama, resolvi dar asas ao jeito mandão que é minha marca registrada no trabalho e nas tarefas da casa. Bingo! Não contei nada ao meu marido, mas imaginei a ocasião e me preparei com antecedência, ainda que usando o improviso: algemas coloridas, venda e um pequeno chicote de couro macio (só para compor a fantasia), salto altíssimo (emprestado de uma amiga. Um sufoco para mim, que fujo do estilo até nas situações formais) e lingerie preta. Surgi no quarto quando ele já estava quase dormindo, de maneira que levou um susto ao me encontrar sobre o colchão, de joelhos, pronta para atar seus punhos à cabeceira da cama. Com um sorriso malicioso, sacou minhas intenções e não esboçou reação. A sensação de controle absoluto sobre o seu prazer e o do parceiro é o mais excitante. E também conta a oportunidade de exercitar posições que você já tinha visto num livro ou revista mas ficava acanhada de propor. A aventura fica mais quente se você aproveitar os olhos vendados do seu homem para surpreendê-lo pelos outros sentidos. Além do toque, dá para explorar a audição (sussurrando palavras picantes ao ouvido dele), o olfato (usando aquele perfume incrível) e o paladar (dando-lhe na boca delícias como morango e champanhe… ou partes do seu próprio corpo).
Fogo ou fria?
Como é você que está no comando, é fundamental ser criativa a fi m de não deixar a peteca (ops!) cair. Mantendo o ritmo e tirando partido dos estímulos sensoriais, prepare-se para chegar às nuvens. E você ainda pode ser bastante egoísta, preocupada com seu prazer. Faz parte da fantasia!
Avaliação: fogo fogo fogo
Cenário 5
Só no swing
Levei mais de um ano para convencer meu marido a ir a um clube de troca de casais. A balada, apesar de discreta por fora e zero apelativa na decoração interior, cheira a sexo e extrapola tudo aquilo que eu achava que conhecia da matéria. É como assistir a filme pornô à queima-roupa, podendo tocar os personagens e participar se tiver vontade. Mas eu e ele parecíamos crianças olhando vitrine na maior parte do tempo, mais observando e comentando o que rolava ao redor do que nos deixando levar pela excitação e pelas várias investidas dos outros, que nos chamaram pra todo tipo de orgia — a três, quatro, seis… ali e fora dali —, das quais procuramos declinar sem mostrar choque. As pessoas tentavam se divertir, bebiam muito, e mesmo assim o clima parecia frio entre elas. Boa parte se conhece lá e não tem nenhuma relação além do sexo imediato. Os diálogos surgem quase artificiais, com um propósito único. E elas passavam de um ambiente a outro (em cada um parece acontecer uma “modalidade” sexual: entre casais, grupos, uma mulher e vários caras…) como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Fogo ou fria?
Tudo o que é demais acaba enjoando, e assistir a sexo em tantas possibilidades me deixou com um estranho sentimento, como se eu já estivesse satisfeita sem mesmo ter experimentado nada, de modo que, chegando em casa, fomos pra cama… dormir. Descobri que fico com a brincadeira a dois, a sós.
Avaliação: fogo
Cenário 6
Sexo verbal
Que falar do assunto incrementa a intimidade a gente sempre ouve dos especialistas. Então, segui a dica e, por um dia inteiro, provoquei meu homem com palavras e ideias picantes via torpedo, e-mail, MSN… Eu no trabalho, ele no home office. Comecei um pouco tímida, mas, como ele gostou da brincadeira, tomou as rédeas da situação (ele perguntava, eu respondia) e me ajudou a soltar o verbo. Foi o expediente inteiro nessas preliminares orais. Cada um disse o que estava pensando, vestindo (ou não) por baixo da roupa, como faríamos amor à noite… Sim, matamos algumas das vontades. Não, não todas.
Fogo ou fria?
Cuidado, no ambiente de trabalho você pode se empolgar e dar bandeira. Fora isso, é tiro e queda para liberar a imaginação e deixá-lo saber tudo o que você sempre quis fazer mas tinha vergonha de sugerir. Depois, é só colocar em prática.
Avaliação: fogo fogo fogo
Fonte: http://revistawomenshealth.abril.com.br/edicao/005/fogo-ou-fria.shtml