Vibradores

Vibradores

Nós, mulheres, já queimamos sutiãs em praça pública, conquistamos direitos e deveres, abocanhamos o mercado de trabalho, levantamos bandeiras e encurtamos saias. Mas na hora de comprar um simples vibrador, muitas de nós ainda ficam com as bochechas rosadas. Conversamos com mulheres – e também com homens – sobre a relação com esse objeto tão íntimo.

O primeiro a gente nunca esquece

Idealizamos, esperamos o momento certo, adiamos, analisamos, até que… A publicitária Rejane F. comprou um vibrador aos 23 anos. “Fui a uma sex shop com uma amiga e comprei. Era pequeno, de duas pilhas, em formato de ovinho”, conta ela, que tratou de mostrar a novidade para o namorado. “Ele não curtiu: usei só uma vez com ele e depois nunca mais”, lembra ela, que em seguida conheceu um rapaz que era tarado no assunto. “O cara me deu dois modelos diferentes. Um deles era uma borboleta com alças, para vestir como se fosse uma calcinha. Mas não deu certo, porque não fazia a pressão desejada”, explica.

Gosto de ter as mãos livres e sentir as mãos dela livres também. Não gosto de ficar me preocupando com um objeto o tempo inteiro

A brincadeira deu tão certo que logo Rejane ganhou do mesmo moço um outro vibrador. “Foi no motel. É um ótimo momento para comprar: é só olhar no cardápio, pedir por telefone e já começar a brincadeira. Outra boa opção é comprar pela internet: bom preço e nenhum constrangimento”, diz ela, que considera o objeto fundamental na cesta básica feminina. “Pra mim, ter um vibrador é mais básico do que ter um gloss”, ri, mesmo sabendo que nem toda mulher gosta. “Uma vez dei um vibrador de presente de aniversário para uma amiga. Meses depois perguntei se ela tinha gostado e ela disse que não. Achou sem graça”, conta a publicitária.

O modelo ideal

Na hora de adquirir um vibrador, uma dica é ir à sex shop acompanhada de uma amiga descolada – faça o convite, assim, como se fosse para dar uma volta no shopping e comprar um vestido. A atriz Jana S. aproveitou o convite de uma amiga e resolveu comprar seu primeiro vibrador. “Fomos juntas a uma sex shop. Acabei não comprando nada porque fiquei em dúvida sobre qual escolher e achei os preços muito altos. Depois resolvemos comprar pela internet”, conta a atriz.

Jana lamenta a primeira escolha: “Optei pelo modelo errado”. Ela comprou um que pudesse introduzir, mas agora quer do tipo que estimula o clitóris. “Eu sempre tive orgasmo vaginal. Mas depois do vibrador, descobri o orgasmo clitoriano e fui à Lua”, conta ela, que adora usar o vibrador durante o sexo. “Adoro quando o meu namorado pede para eu pegar pra brincar. Na primeira vez, senti que ele ficou meio tenso, porque não sabia como usar, onde exatamente colocar. Mas eu disse que ele tinha mandado bem e hoje em dia é normal usar o vibrador no meio da transa”, diz.

O vibrador e eles


Sabemos que boa parte dos homens se sente atraída pela idéia de ter mais alguém na cama além de vocês dois. Mas quando esse alguém chama-se vibrador, as opiniões divergem. O redator Diego C. diz que acha natural a mulher ter um acessório erótico e garante que não vê problema algum em usá-lo durante a transa. “O vibrador pode ser muito útil na hora de convencê-la a fazer outras coisas, como sexo anal. Estimular o clitóris com o vibrador deixa a mulher mais excitada e predisposta a aceitar o anal”, diz ele. “São brinquedos e gosto de brincar com eles e minha mulher”, diz. Ponto para ele!

Mas nem todos os homens têm essa cabeça. Alguns não se sentem à vontade diante de um ‘concorrente’. É o caso do músico Sandro M., 32 anos, que garante não se incomodar em saber que uma mulher tem vibrador, mas deixa claro que prefere não dividir a cama com ele. “Gosto de ter as mãos livres e sentir as mãos dela livres também. Não gosto de ficar me preocupando com um objeto o tempo inteiro”, reclama, admitindo que o vibrador pode levar a comparações desfavoráveis.

Parece que o verdadeiro motivo da implicância com o vibrador é outro. “O problema é que eles são sempre enormes. Aí me sinto diminuído”, assume, lembrando uma situação em que ficou com uma mulher comprometida e ela garantiu que o do namorado era até maior do que o vibrador. “Perdi a vontade de transar com ela, fiquei intimidado, sei lá. Acho que preferiria um vibrador que não tivesse formato de ‘pênis’, porque me sentiria mais tranqüilo”, cogita.

Segundo Karen Ferreira Carneiro, gerente da boutique erótica A2 Ella, as mulheres estão cada vez mais à vontade na hora de comprar um vibrador. “Hoje em dia, quem manda são elas, que querem sentir prazer, querem ser amadas e estão exigindo isso na relação sexual. Mesmo assim, existe um receio de aparecer com a sacola da loja, de mostrar que comprou alguma coisa na boutique erótica”, afirma a gerente, acrescentando que o vibrador é um dos itens que mais sai.

O modelo mais procurado é o famoso Rabbit, que ganhou a fama depois que Charllote, em um episódio do “Sex and The City”, ficou viciada nele. “Perfeição em matéria de pênis, ele gira dentro do canal vaginal, tem esferas que massageiam a entrada da vagina, e pega no ponto G! E tem um coelhinho que massageia o clitóris com várias intensidades”, descreve Karen, salientando que os vibradores em formato de pênis são campeões de venda. “Agora nós temos modelos com carregador de tomada e à prova de água”, recomenda.

Medos e inseguranças precisarão ser sanadas e isso não ocorrerá na primeira situação em que o homem for apresentado ao vibrador

Além do Rabbit, chegou um pênis de cyber skin, que acumula o calor do corpo dentro de você, imitando a textura da pele humana, além de girar, como o Rabbit, dentro do canal vaginal”, detalha Karen, que já viu muito homem comprar vibrador para suas namoradas. “Eles gostam de mexer no controle remoto e, principalmente, de ver suas mulheres muito excitadas”, afirma.

Conservadorismo brasileiro

O psicoterapeuta sexual Oswaldo Rodrigues afirma que, embora o uso de vibradores no Brasil tenha crescido, não é tão comum quanto na Inglaterra, onde 50% das mulheres tem um ou dois. “O vibrador ou o pênis artificial ainda não tem um lugar de importância na erótica feminina ou do casal, pois as finalidades reprodutivas ainda são fortes para muitos em nossa cultura”, explica ele, acrescentando que o vibrador pode ajudar a mulher a conhecer seu corpo, mas, por outro lado, pode restringir a forma de obter prazer à vibração, que não ocorrerá com a manipulação pelo parceiro ou com a penetração.


Sobre a reação dos homens diante da possibilidade de usar o vibrador durante o sexo, Oswaldo Rodrigues destaca que muitos homens podem se sentir mal. “Carregam crenças irracionais e inadequadas que os farão sofrer, pensando no vibrador como um rival. Muitos homens sentem-se diminuídos, inseguros, acreditam que a mulher prefere o vibrador a ele. Outros gostarão da novidade e se erotizarão com segurança no relacionamento”, explica.


Caso o parceiro se mostre incomodado, o psicoterapeuta sugere que o casal converse e discuta como poderão usar o acessório nas próximas oportunidades sexuais. “Medos e inseguranças precisarão ser sanadas e isso não ocorrerá na primeira situação em que o homem for apresentado ao vibrador. O casal precisa discutir e conversar para que o homem possa dar o próximo passo e erotizar-se junto com a mulher e este desejo sexual”, finaliza.

 

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Por Rosana F. • 12/08/2009

 

 

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